Tem a fila. Não qualquer fila, mas tem fila. Ela está crescendo — e portanto ao infinito. Ela está diminuindo — e portanto ao zero.
Corolário: se uma fila deve ir ao zero, então basta que ela diminua, e uma hora ela chega ao zero. (Claro que existem sequências numéricas que diminuem mas nunca chegam ao zero.) Um esforço pequeno diário zera uma fila em algum momento do futuro, com a vantagem de que cada unidade de trabalho é pequena (um passinho por vez) e uma espécie de hábito está sendo encorajado. É a ideia de deixar cada lugar um pouco melhor do que estava.
Tem fila que cresceria ao infinito, mas, justamente por serem grandes, as desistências limitam o tamanho: hospital, padaria, tarefas que acumulam e são esquecidas. Existem também outros meios: dificultar a entrada na fila — para entrar no hospital, podem exigir documentos desnecessários e você desiste.
Quantificar a fila é uma maneira bem intencionada e errada de tentar zerá-la. O importante é fazer a fila diminuir, não saber o tamanho exato da fila. Tem muito disso: focar em formalidades é uma maneira de não fazer o que precisa ser de fato feito.
2025-02-22